Hoje, sexta-feira, dia 19 de Abril de 2019, me sento em
frente ao computador para escrever sobre o último ano vivido. Segunda-feira estava
eu no mercado com uma amiga e soltei a frase mais ridícula que a autoestima de
alguém pode criar: “- Quem me conheceu ano passado não me conhece mais”. Eu,
particularmente, penso que essa é uma frase bem ridícula mesmo mas isso não foi
o suficiente para que eu guardasse esse pensamento para mim.
Há um ano atrás eu estava no internato da faculdade, vivendo
dentro do hospital e morando em Asunción (saudades!), mais precisamente, estava
trabalhando no serviço de oncologia do Hospital Pediátrico “Niños de Acosta Ñu”.
Vocês já visitaram a ala oncológica de um hospital pediátrico? Se a resposta
for negativa, vocês devem visitar! É preciso repensar a nossa vivência e os
nossos atos, é preciso ser mais grato pelos acontecimentos e pararmos de
reclamar um pouco.
Às 6 horas da manhã desde mesmo dia no ano passado eu fumei
meu último cigarro, um Marlboro vermelho, enquanto tomava minha xícara de café
no hall daquele apartamento (2C) na Waldino Lovera entre a San Andrés e a Valle
Mi. Não foi uma decisão difícil, eu sabia o que teria de fazê-la em algum
momento da minha vida, o difícil foi me organizar depois disso. Foi difícil os
dias de cervejadas/churrascos, os dias de frio, os amigos que tampouco facilitaram
o processo e a solidão dos domingos de manhã. Teve algo prazeroso? Teve! Todos
os dias 19 desde então eu espalho nos grupos do WhatsApp dos amigos mais
chegados a minha vitória, é prazeroso vê-los se alegrarem por mim.
Neste um ano houveram muitas mudanças, algumas chocaram meus
amigos mais próximos. Posso dizer que sou mais amorosa e estou tentando
controlar um pouco mais a minha raiva da humanidade. Parei de usar drogas,
comecei a me exercitar, perdi alguns quilos (e não quero encontra-los de volta!),
comecei a assistir séries e descobri que vale a pena pagar o Spotify Premium.
O caminho para a melhora pessoal tem sido longo e a passos curtos,
às vezes penso que seria mais fácil descontar a raiva saindo de casa pra fumar
um cigarro ou qualquer outra forma que eu encontre, mas me apego no fato de não
estarmos mais nos anos anteriores à 2018. Regredir nunca parece ser uma boa
opção.
É claro que ainda tenho muita estrada para percorrer,
algumas vezes ainda fumo narguilé ou vaper mas dizem que não podemos “dar o
passo mais longo que as pernas”, não é?!
Enfim, escrevo esse texto em comemoração ao meu primeiro ano
longe do cigarro, sinto muita falta deste que foi meu fiel companheiro por 10
anos mas a vida é feita de encontros e desencontros, talvez um dia eu volte a
vê-lo ou talvez entenda, de uma vez por todas, que tudo nos é permitido porem
nem tudo nos convém!